Se você pratica Ashtanga Yoga é muito provável que o termo "laddies holiday” não lhe pareça estranho, não é mesmo?
… mas o que seria isso exatamente?
É o período mensal em que nós, mulheres, fazemos o repouso para nosso ciclo menstrual. É um termo usado sempre por Guruji (Sr. K Pattabhi Joys) ao orientar as mulheres que tomem os três primeiros dias do seu ciclo menstrual como dias de descanso de sua prática de Ashtanga Yoga.
Esta orientação, que tem suas origem nas tradições brahmânicas da cultura hindu, visa o benefício e bem estar da própria praticante.
Muitas yogues assíduas encontram dificuldade em abster-se de suas atividades físicas nestes dias, porém as mulheres que não respeitam este breve descaso acabam por perturbar a menstruação e comumente observam atrasos ou irregularidades no ciclo, no fluxo de sangue e até mesmo dificuldade em engravidar.
Uma vez que durante a prática de ashtanga yoga utilizamos a respiração aquecedora ujjay e o tônus muscular dos bandhas, estes elementos propiciam um processo intenso de purificação dos órgãos, sangue, músculos e sistema nervoso, promovendo aos poucos um visível aumento da vitalidade. O fluxo dinâmico dos vinyasas somados aos tristhanas (ujjay, bandha e dristhi) conduz a energia e o prana de forma ascendente no organismo. Contudo, durante o ciclo menstrual, ocorre nas mulheres um processo natural de purificação do corpo através do movimento descendente chamado no Ayurveda, a tradicional ciência da vida (ou “medicina indiana”) de Apana vayu. Este movimento descendente é responsável pela urinação, defecação, eliminação de gases, parto, fluxo menstrual, ejaculação e também, no nível sutil, pela criatividade e desapego.
É importante respeitar e honrar os ciclos do corpo. Este pode ser um excelente momento para reflexão, para refinar nossa intuição e despertar nossa criatividade. Um momento renovador.
Após estes 3 dias a prática de ásanas deve ser retomada, porém nos abstemos de realizar posturas de inversão (de sarvangasana – invertida sobre os ombros - à shirshana – invertida sobre a cabeça) até o término do fluxo de sangue.
Saúde da Mulher e do Planeta
Há décadas reproduzimos de maneira inconsciente certos padrões culturais que ditam nosso comportamento, nossos padrões de consumo bem como nossos conceitos de saúde, beleza e de equilíbrio – valores que nos são transmitidos de forma exaustiva pela mídia (que visa essencialmente o interesse das indústrias).
No processo de conscientização inerente ao yoga cabe aqui também uma reflexão profunda acerca do uso de absorventes descartáveis.
Absorventes e tampões descartáveis são feitos de papel (árvores) alvejado e plástico. Contém ingredientes químicos como metais, surfactantes, desinfetantes, fragrância, bactericida, fungicida, gel absorvente, colas, entre outras coisas. A lei não regula o que vai nos produtos destinados à menstruação e as indústrias não precisam listar seus componentes na embalagem.
Uma mulher, durante todo seu ciclo menstrual na vida, gera de 10 a 15 mil absorventes descartáveis de lixo que terminam sendo despejados em aterros e levam, cada um, em média CEM anos para se decompor na natureza. Todo esse resíduo excessivo tem um grande impacto ecológico sobre o Planeta.
Uma mulher, durante todo seu ciclo menstrual na vida, gera de 10 a 15 mil absorventes descartáveis de lixo que terminam sendo despejados em aterros e levam, cada um, em média CEM anos para se decompor na natureza. Todo esse resíduo excessivo tem um grande impacto ecológico sobre o Planeta.
A crescente conscientização ambiental está promovendo o retorno a uma alternativa bem conhecida pelas vovós: o absorvente reutilizável, ou bioabsorvente, outrora chamado de “paninho”. Ele é 100% feito de algodão e se assemelha aos convencionais. Fica preso à roupa íntima feminina através de abas e botões – basicamente um envelope que absorve o fluxo menstrual. A idéia é que, como antigamente, seja lavado e reutilizado.
Diferentemente dos produtos feitos para serem descartados, o bioabsorvente é um produto que pode durar vários anos, se bem utilizado.
Além da questão ecológica, eles trazem de volta um tipo de relacionamento íntimo de contato e aceitação do próprio corpo e um novo significado a este período, antes tão maculado por nossa cultura patriarcal.
Sugestão de leitura:
livro “Seu sangue é ouro - resgatando o poder da menstruação” (“Her blood is gold”) de Lara Own 1993
Onde encontrar os bioabsorventes: