Os Guna são qualidades primordiais, três modalidades que constituem e classificam todas as coisas. Segundo essa concepção, a infinita diversidade do universo é devida expressamente às combinações, em proporções variadas, dos três guna, que alternadamente se dominam um ao outro, se sustentam, se ativam e se contrabalançam. São os três fatores antagonistas que se pode encontrar atuando em todos os fenômenos, mas cuja observação é mais fácil no plano psicológico. O guna sattva tem por função manifestar, o guna rajas ativar e o guna tamas limitar e obscurecer.
O guna sattva tende à iluminação, à manifestação consciente. Psicologicamente, traduz-se como compreensão, alegria e paz, fisicamente como leveza e pureza.
O guna rajas gera a atividade e o movimento. Fator de energia, está na base de qualquer esforço, de qualquer trabalho, assim como da agitação e da instabilidade, e é frequentemente associado ao sofrimento. O sofrimento, a necessidade, a escassez incitam ao esforço, e todo esforço sempre se acompanha de certa aflição ou impressão de dificuldade.
O guna tamas é o fator de resistência e obstrução, tanto à luz da compreensão (sattva) quanto ao dinamismo do movimento (rajas). Objetivamente, manisfesta-se como peso, obscuridade, inércia, subjetividade, apatia, indiferença, ignorância ou inconsciência.
Se tamas predomina fortemente, teremos um tipo humano grosseiro, ignorante e preguiçoso. Os homens em que rajas predomina são ativos, passionais e intrépidos. Fornecem excelentes estadistas, guerreiros heróicos e eficientes homens de ação. Aqueles em que sattva culima pertencem ao tipo contemplativo, e são calmos, reflexivos e perspicazes.
No interior da individualidade humana, pode-se ainda reconhecer a preponderância de tamas no corpo, a de rajas na força vital e na vida emotiva, e a de sattva na inteligência. No próprio corpo humano, sattva governa a cabeça, rajas o peito e os braços e tamas a metade inferior do corpo, as pernas, os pés que cumprem o papel de suporte, de veículo, de servidores do resto do corpo.
(Extraído do livro "O Yoga" de Tara Michaël, 1975)
“Alimentos que promovem longevidade, vitalidade, resistência, saúde, bom humor e apetite saudável; que agradam ao paladar, são moderadamente temperados, nutritivos e bons para o corpo: eles propiciam (contentamento sáttvico) e gozam da preferência das pessoas sáttvicas.
Alimentos amargos, azedos, salgados demais, muito quentes, de gosto picante e ardidos (propiciam satisfação rajásica) e são de preferência do temperamento rajásico. Tais alimentos geram dor, mal-estar e doença.
Alimentos pouco nutritivos, sem gosto, pútridos, rançosos, deitados ao lixo ou (por qualquer outro modo) impuros (propiciam contentamento tamásico) e são preferidos pelas pessoas tamásicas.” Bhagavad Gita (17:8-10)