Parampara é o conhecimento transmitido sucessivamente do professor ao aluno. É uma palavra sânscrita que designa o princípio de transmitir o conhecimento em sua forma mais preciosa; conhecimento baseado na experiência prática e direta. É o alicerce de qualquer linhagem: o professor e o aluno formam os elos da corrente de instrução que vem sido transmitida por milhares de anos. Para que a instrução do yoga seja efetiva, verdadeira e completa, a mesma deve vir do parampara.
O conhecimento pode ser transmitido apenas após o aluno ter passado muitos anos com um guru experiente, um professor ao qual tenha se entregado completamente em corpo, mente, fala e ser interior. Só então ele estará qualificado a receber sabedoria. Essa transmissão do professor ao aluno é parampara.
O dharma ou dever do estudante é praticar diligentemente e se emprenhar em compreender os ensinamentos do guru. A perfeição do conhecimento – e do yoga – reside além de simplesmente dominar a prática; a sabedoria floresce do amor e respeito mútuo entre o estudante e o professor, um relacionamento que só pode ser cultivado ao longo do tempo.
O dharma do professor é transmitir o yoga exatamente como ele o aprendeu de seu guru. O ensino deve ser ofertado com um bom coração, com bom propósito e nobres intenções. Deve haver ausência de motivações nocivas. O professor não deverá corromper o estudante de forma alguma ou alterar aquilo que lhe foi ensinado.
A elo entre professor e aluno é uma tradição que alcança milhares de anos na Índia, e é o alicerce de uma rica herança espiritual. O professor pode tornar seu aluno estável – ele pode torna-lo inabalável onde antes oscilava. Ele é como um pai ou mãe que retifica cada passo da prática espiritual de seu aluno.
A tradição do yoga existe em muitas linhagens antigas, mas hoje alguns estão tentando criar novas tradições, renunciando ou alterando os ensinamentos de seu guru em favor de novos caminhos. Entregar-se ao parampara, entretanto, é como adentrar em um rio de sabedoria que vem fluindo por milhares de anos, um rio que levou mestres de outrora a um oceano de conhecimento. Ainda assim, nem todos os rios desaguam no oceano, então deve-se estar alerta para que a tradição seguida seja verdadeira e altruísta.
Muitos tentam escalar os picos dos Himalayas mas nem todos conseguem. Pela coragem e entrega, entretanto, pode-se escalar os picos do conhecimento com a graça do guru, que é o portador da sabedoria e que trabalha incansavelmente por seus alunos.
Fonte: http://kpjayi.org/the-practice/parampara
tradução: Helena Rosenthal