quinta-feira, 1 de março de 2012

O Ashtangi Desesperado

““Ashtanga Vinyasa Yoga é um sistema de crescentes desafios que, através de sequências de asanas, são desenvolvidos e dominaos ao longo do tempo através da prática. Como em todo empreendimento onde há um processo lento de desenvolvimento inerente ao domínio, quer se tratando de Ashtanga Yoga, correr uma maratona ou tornar-se fluente em mandarim (para citar exemplos de outras  áreas), inevitavelmente passamos por períodos de progresso e outros de estabilidade. Progredimos naturalmente, nos desenvolvendo até um certo ponto e então parecemos estagnar.(…) O que acontece então com os praticantes que simplesmente não querem ou não toleram entregar-se com perseverança nesses estágios? O que acontece com aqueles que não têm a paciência, a fé, o desapego e a confiança para persistir?

Temos então, lamentavelmente, a descrição do Ashtangi Desesperado.

Tenho o visto frequentemente.
Um estudante é ótimo desde que ele(a) esteja em fase de aprimoramento da prática. As coisas estão se abrindo. Asanas novos estão vindo frequentemente e a vida, de fato, é muito boa. Este aluno é, muitas vezes, um dos defensores mais notáveis e mais entusiastas do quão poderosa a prática é... isto até que ele(a) atinja o tal temido platô.

A questão sobre encontrar-se em um platô é que nem sempre enxergamos nossa prática apenas estagnada. Às vezes nós realmente vemos as coisas ficarem um pouco pior do que eram antes. Encontramos dificuldades em coisas que eram fáceis há pouco tempo. Neste momento a prática se torna mais árdua.

O Ashtangi Desesperado começa a se sentir frustrado, irritado e então, se desespera. O platô se arrasta semana após semana e parece interminável. A crença de que "é só uma fase" começa a se turvar em dúvidas.

A dúvida gera pensamentos sombrios. Eventualmente, o espectro do "para que tudo isso" começa a sussurrar no ouvido do praticante. Ele(a) começa a faltar a uma e outra aula.. e quando então retorna à prática, os dias perdidos a tornam ainda mais difícil.. assim um ciclo vicioso de dificuldades e dúvidas ganha corpo até que... é chegada a hora de desistir! O antes tão entusiasmado aluno resolve por fim abandonar o navio.

Às vezes, esses estudantes encontram seu caminho de volta para seus mats. Às vezes, a experiência de como é a vida sem a prática é suficiente para renovar o seu compromisso. Às vezes, esses estudantes vão de professor em professor buscando serem salvos por um ajuste mágico ou uma dica incrível. Às vezes, o aluno opta por mudar para um outro estilo de yoga ou outra atividade completamente diferente, onde possa experimentar aquela fase de progresso rápido novamente.

Então... qual seria o antídoto para esse desespero?
A resposta mais simples é ter em mente que mais asanas não é a medida do sucesso na prática de yoga. Também é importante usufruir o tempo estável nestes platôs para desenvolver a paciência, fé, confiança e desapego. Lembre-se, atingir platôs e indagar-se se algum dia voltaremos a progredir novamente é natural. Acontece com toda e qualquer pessoa que praticou Yoga Astanga durante um período prolongado de tempo.””

Paul Gold é praticante de Ashtanga Yoga há 17 anos e responsável pelo Ashtanga Yoga Shala Toronto, Canadá. Este texto foi retirado do blog paulmitchellgold.wordpress.com e traduzido por mim (com a ajuda preciosa da mamãe).